quinta-feira, 6 de março de 2008

À conversa com a professora Susana...



1. Boa tarde, professora Susana! Como está? Sabemos que pratica voluntariado! Será que nos concebe uma entrevista para o Blogue da escola?
- Claro que sim!! Com todo o gosto!
2. Como é que tudo começou? Quando lhe surgiu a vontade de ajudar os outros?
- Comecei a frequentar um grupo de jovens, inserido no movimento juvenil “Jovens em Caminhada”, aos 13 anos de idade. Gostava muito! Reuníamos uma vez por semana, ao sábado à noite. Nessas reuniões, para além de debatermos temas muito interessantes -que me ajudaram a interiorizar alguns princípios e valores, preparávamos algumas actividades, como visitar os doentes ao hospital, visitar e animar os utentes do lar da terceira idade, apoiar alguns jovens e famílias necessitadas… Acho que foi a partir daí que comecei a sentir uma vontade cada vez maior de ajudar.
3. Que tipo de pessoas colaboram consigo? E onde se desloca?
Actualmente faço voluntariado no CAFJEC, que significa Centro de Acolhimento e Formação dos Jovens em Caminhada. É um centro de acolhimento, que recebe jovens que procuram um rumo para as suas vidas. Muitos dos jovens que lá chegam vivem na rua, não têm família, foram abandonados ou estão inseridos em famílias de risco, alguns são toxicodependentes e outros são marginalizados pela sociedade. Quando estou de serviço, converso com os jovens, administro-lhes a medicação, cozinho, dou-lhes a refeição e, no caso de estarem bastante debilitados, ajudo-os na sua higiene pessoal. Também auxilio na manutenção dos espaços do centro e atendo as famílias dos jovens acolhidos… enfim, durante aquele período estou totalmente disponível para o que for preciso!
Por outro lado, o CAFJEC funciona como centro de formação que procura dar formação cristã aos grupos de jovens que pertencem ao nosso movimento (Movimento Jovens em Caminhada), através de cursos e encontros que funcionam durante o fim-de-semana.
Actualmente a equipa diocesana dos Jovens em Caminhada é composta por cerca de 32 jovens: cada um com a sua personalidade, cada um com a sua profissão (estudantes, professores, psicólogos, engenheiros, entre muitas outras…), cada um com os seus pequenos problemas… mas todos com a mesma vontade de lutar por um ideal de vida, que assenta na simplicidade, na entrega gratuita e no amor!
4. Acha que é preciso que haja mais pessoas dispostas a ajudar?
Acho que as pessoas se concentram muito nas suas vidas, no seu “eu”. Sim, é preciso que haja mais pessoas dispostas a ajudar, mas não nos podemos esquecer que devemos começar no meio que nos rodeia. Olhar de novo para os nossos pais, gostar cada vez mais deles e auxiliar no que for preciso. Pensar na nossa família e ir ao encontro da avó que está sozinha, do tio que está doente ou do primo que precisa de ajuda nos TPC. Estar atento, porque na nossa rua, ou no lugar onde moramos temos um vizinho acamado ou um idoso a precisar de alguma companhia.
5. Quais são os sectores onde o voluntariado faz mais falta?
Não sei responder com precisão a essa questão. Sentia-me sempre muito comovida quando visitava os idosos que estavam no lar da terceira idade. Eles têm histórias fantásticas para contar, cantigas melodiosas para ensinar, sentido de humor para fazer rir… TÊM VIDA! Muitos deles sentem-se abandonados, sozinhos, tristes, cada vez mais doentes… É urgente e necessário ter tempo para os idosos… ouvir as suas palavras ricas em experiência de vida, atender aos seus desejos, diminuir as desilusões, enaltecer as suas vitórias. Um dia também seremos velhinhos…
6. Deve ter passado por situações de muito sofrimento. É capaz de destacar alguma que a tenha marcado mais?
Há quatro anos atrás fui durante o mês de Agosto a Moçambique, em voluntariado. Presenciei momentos que me chocaram muito, homens leprosos, famintos, pobres, vivendo em sítios lastimosos, crianças com sede e com fome… Mas aprendi com aquele povo, principalmente com as crianças, que na pobreza e na miséria há algo que podemos dar sempre, sem qualquer esforço: um sorriso! E esse sorriso simples e humilde, sem preconceitos, sem interesses, sem falsidade, espelhado no rosto de cada um, foi para mim uma lição de vida, a mais profunda de todas!
7. Sente-se feliz ao fazer voluntariado?
Muito feliz! Fazer voluntariado é valorizar a nossa vida, dando atenção à vida dos outros. É despertar a nossa bondade e descobrir em nós qualidades. É ter alguém para ajudar e ser ajudado, ter alguém para partilhar e relativizar os nossos problemas.



Entrevista conduzida por Marina-9º A
Coordenação: - professora Teresa


Há pessoas fantásticas! Às vezes temos a sorte de nos sentarmos ao pé delas, de conversarmos com elas e de sentir a sua imensa energia , a sua enorme alegria de VIVER!
Para essas pessoas os outros são sempre muito importantes. Por isso estão sempre disponíveis, partilham tudo e têm sempre imenso para dar, porque para elas DAR É "SEMPRE" RECEBER.
É pena que apesar de já serem muitos sejam ainda tão poucos!!! De facto, nos dias que correm, em que a imagem condiciona os comportamentos, em que ter (entenda-se, bens) é crucial para se ser aceite e considerado em determinados meios, é preciso ser-se muito especial para mandar tudo isso às urtigas e valorizar a dimensão humana da VIDA.
Gostava de escrever muito mais sobre ti, sobre o que aprendi só a observar-te, sobre o gosto que é ver-te lidar (pacientemente e com dedicação) com os alunos e com os colegas...
Bem hajas!

"um amigo"

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